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Auto-análise, parte final - será mais um anti-climax???

... Um floco de neve pairava sobre o morro - aquele morro verde, de aroma tão nostálgico, e que jazia inquieto no aconchego da minha cuia. Mesmo que o sol brilhasse no poente, eu me valia do mate para me manter aquecido naquele banhado, enquanto crianças e cachorros também teimassem contra o frio brincando na lama...

Eu pensei em começar este texto de maneira diferente - até já tinha escrito parte dele, começando com uma música do 'Engenheiros', mas já que eu esqueci de levar a câmera para o passeio deste sábado no banhado de Hampstead, tentei descrever com palavras esta cena que, por si só, fez valer a pena ter saído do conforto do meu quarto e do sistema de aquecimento.

E este é exatamente o ponto que eu queria chegar com o texto (ou seja, esta experiência poupou vocês de terem que ler mais uns 3 ou 4 parágrafos - e quem disse que uma imagem, uma experiência, não valem mais que mil palavras???). Nos posts anteriores, viajei bastante sobre minha dificuldade em manter o foco nos meus planos e sonhos a longo prazo, sobre a falta de harmonia entre minhas paixões e minha razão, e tudo o mais que isso acarreta. Mais além, semana passada ainda resolvi tentar conceituar liberdade em função de disciplina, o que acreditei ter tudo a ver com a conclusão da minha análise.

Hoje, então, quero compartilhar com vocês exatamente a solução para todos os meus problemas (ou qualquer outro slogan de produtos Tabajara). O raciocínio é bem simples: preciso sair de situações de conforto superficial, quebrar rotinas improdutivas (e às vezes depressivas), e assumir uma disciplina em minha vida - não somente uma disciplina de horário para comer e dormir, ou de metas de trabalho a cumprir, mas sim uma disciplina de vida, de fazer valer os momentos do meu dia-a-dia, de realmente aproveitar as oportunidades que surgem.

OK... agora vou tentar deixar de lado os discursos prontos, abstratos, e apontar questões mais pragmáticas. Para isso, nada melhor do que tomar em consideração situações da vida real. Vamos considerar uma métrica de inutilidade I, como sendo a proporção de tempo que eu passo dormindo ou vadiando na frente do computador sem formar nada produtivo. Num levantamento aproximado dos últimos 6 meses, dá para apontar dois períodos em que conseguir manter por mais tempo uma disciplina constante de dias mais úteis (ou seja, com menor taxa de inutilidade I): Uma semana em novembro, quando uma amiga minha (valeu, Lê!!!) passou seus últimos dias de Londres aqui em casa, e o período de final de 2009 / início de 2010, em que eu passei no RS cercado de pessoas que eu amo.

Pronto!!! De novo, meus problemas claramente voltam a ser equacionados em função da solidão... Mesmo que a idade esteja me deixando um pouco mais ranzinza, com menos paciência para tolerar certas nuances do convívio social, fica cada vez mais claro para mim o quão positivamente importante é estar cercado pela família, pelos amigos, por aqueles com quem a gente realmente se importa, e que realmente se importam com a gente.

Aqui, então, entra a música do Engenheiros que eu mencionei anteriormente, "pois agora, lá fora, todo mundo é uma ilha - a milhas, e milhas, e milhas de qualquer lugar". E exceto pelos sul-americanos que por aqui eu conheci, e por eventuais demonstrações de carinho e espontaneidade, esta cidade segue me passando a impressão de uma grande máquina, onde cada ser humano não passa de mais uma mera e fria engrenagem - onde cada um de nós é somente destinado a cumprir seu papel de trabalhar pesado (seja por ambição ou por obrigação) e ficar bêbado nos fins de semana (afinal de contas, o ser humano precisa "descontrair" um pouco, nem que seja com estímulo externo). Ou, como diziam os Mutantes, "as pessoas da sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer".

OK, admito estar sendo exagerado... a coisa provavelmente não é tão fria e bitolada assim - mas em certos momentos é esta a imagem que eu fico. A maior conclusão que eu cheguei neste período todo, é que minha natureza segue sendo a mesma - ainda sou o mesmo aquele da Vila Farroupilha, dos churrascos da Computação, dos shows da Fall Up ou do movimento estudantil. Sou meramente um ser humano, e como humano sou um ser social, um ser que precisa se sentir importante, querido (ou mesmo às vezes detestado) pelas pessoas ao redor.

Então, volto àquele primeiro verso do primeiro post desta série: "continue pensando assim, você quer ser melhor para mim, e acaba melhor para o mundo... e acaba melhor para tudo". Cada vez que penso nesta frase, como se fosse dita por alguém que eu amo,
percebo que é esta a maior (e talvez única) motivação em minha vida. Que é por querer ser melhor para aqueles que amo, que acabo sendo melhor para o mundo, e mesmo melhor para mim mesmo.

Por isso, pessoal que me lê, não hesitem em manifestar qualquer preocupação comigo. Sempre que quiserem me xingar, me criticar, saber como eu estou, contar uma fofoca, por favor: façam!!! Nada mais importante para mim do que perceber que sou importante para alguém, que existem pessoas para quem eu realmente faço diferença. E, se em algum momento eu fico meio distante, se algum motivo me leva a me afastar um pouco mais, me perdõem - são geralmente estes os momentos que mais preciso da compreensão e do carinho de vocês!!!

Um grande abraço a todos

Pausa na auto-análise: esclarecendo disciplina e liberdade

"...Disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem..."

Para não perder o costume, comecei de novo com Legião Urbana ("Há Tempos", primeira faixa do álbum "As Quatro Estações"). No último post, começei a falar sobre as "liberdades" que me afligem, mas acho que antes de concluir esta série de posts, preciso estabelecer um pouco melhor minha visão dos diferentes conceitos de liberdade. Então, meu foco maior é naquela frase inicial: "disciplina é liberdade".

Como eu disse antes, poetas podem escrever qualquer coisa sem deixar claro o que querem dizer (e muitas vezes sem dizer nada realmente). E frases pequenas como esta são perfeitas para fazer pensadores e filósofos de refúgios virtuais e mesa de bar ficarem discutindo por horas sobre "o que ele queria dizer", ou "como pode associar com as coisas que estão acontecendo".

Não acho que meu pai, nos anos que serviu o Exército, fosse concordar que havia muita liberdade naquela disciplina hierárquica tão forte. Nem tampouco acho que algum pré-adolescente disciplinado a ir dormir às 11 da noite se sinta livre quando quer ficar jogando algum WOW da vida até tarde com os amigos virtuais (para aqueles que, como eu, andam desatualizados no mundo dos jogos virtuais, WOW é a abreviatura de World of Warcraft, um MMORPG bastante popular na primeira década deste século - e para aqueles que também não sabem o que é um MMORPG, provavelmente esta informação não vai fazer muita diferença).

Vamos, então, um pouquinho mais fundo. No dicionário (minha referência é o Priberam, dicionário online de português), dentre várias definições de disciplina, podemos mencionar as seguintes: Conjunto de leis ou ordens que regem certas coletividades, boa ordem e respeito, submissão, obediência, instrução e educação, autoridade ou respeito a autoridade. Ou seja, podemos simplificar a definição de disciplina como um conjunto de regras e o comportamento de seguir estas regras.

Por outro lado, liberdade é algo ainda mais difícil de definir. Muita gente tenta moldar o termo liberdade validar seus argumentos, justificando a disseminação de calúnias pela liberdade de expressão, ou terrorismo pela liberdade de crenças (isto sem falar de algumas definições questionáveis dos defensores do 'free market', mas vamos manter este espaço alheio a discussões políticas). Então, eu vou talvez usar do mesmo artifício, para cunhar uma definição de liberdade que me seja útil mais adiante.

Definição: Liberdade é uma entidade ou comportamento associada a um agente e que se manifesta de duas maneiras interconectadas: interna (local) ou externa (ambiental). Por liberdade ambiental, considero a possibilidade de um agente atuar de acordo com suas intenções dentro de um ambiente. Já a liberdade interna consiste na capacidade do agente em deliberar sobre seus próprios estados mentais.

Perdõem o jargão de "sistemas multi-agentes" (Moser, se tu estiveres lendo isto, imagino que terás sérias ressalvas com relação as minhas definições). Só estou tentando deixar bem claro minhas idéias de como a liberdade funciona em diferentes níveis. Por um lado, existe esta liberdade que tantos defendem veementemente, de poder fazer aquilo que se intenciona - nunca se esquecendo que, mesmo que se sejamos livre para tomar uma decisão, somos também responsáveis pelos efeitos desta nossa decisão no ambiente que nos rodeia.

Vamos tomar um exemplo bastante simplório. Imagine acordar um dia com vontade de comer Mozzarella de Búfala (talvez acompanhado de ameixas pretas). Quando abres a geladeira, percebe que o teu estoque de queijo acabou, mas existe uma porção (suficiente para saciar tua vontade) que pertence à pessoa com quem divides a geladeira. Neste caso, defino por liberdade (ambiental) esta possibilidade de comer o queijo - mesmo que saibas que vais ter que arcar com as consequências, como comprar um queijo novo ou prejudicar uma outra pessoa.

Tenho a impressão que já dá para visualizar agora o meu conceito de "liberdade interna" e a relação entre liberdade e disciplina. A situação de pegar o queijo alheio, não passa de uma resposta a um estímulo interno, um desejo mais forte. Porém, existe sempre a opção de resistir a este desejo - mais especificamente a liberdade de escolher quais os desejos que podem se manifestar nas tuas ações, em vez de meramente ser um escravo de teus impulsos mais fortes.

Matthieu Ricard, o autor do livro atualmente em minha mesa de cabeceira, define que ser livre é ser mestre de nós mesmos. Porém, para conseguir certos níveis deste tipo de auto-controle, acredito que não basta meramente querer - temos que desenvolver um comportamento que seja condizente com esta meta. Suponha alguém querendo perder peso: não basta querer comer menos para no dia segunte ter uma dieta adequada - a pessoa tem que definir um conjunto de ações, de regras a serem incorporadas no seu dia-a-dia e ter um comportamento adequado com suas metas de alimentação e peso, para que paulatinamente possa se tornar capaz de escolher se deve ou não seguir eventuais desejos de comer uma picanha assada (mal passada, com uma capa de 1cm de gordura que escorre lentamente, deixando a carne ainda mais suculenta). Este comportamento de seguir um conjunto de regras é exatamente a definição acima de disciplina.

Para encerrar, acho que uma questão pode ter ficado no ar para alguns leitores mais atentos: Num post anterior eu defini que a razão deve ser escrava das paixões, e neste post eu estou contemplando uma idéia de liberdade que é exatamente a capacidade de não ser escravo de seus desejos e impulsos - não seriam estas idéias contraditórias??? Na minha opinião, não existe uma contradição, mas sim uma complementaridade - uma hierarquia nos nossos níveis de consciência. A chamada "razão", como eu tinha dito antes, é estabelecida como uma consequência de nossas paixões, de nossas crenças, desejos e intenções (putz, BDI de novo). Porém, a nossa existência como ser humano diz respeito exatamente à maneira que nos colocamos com relação a estas paixões - se somos meramente escravos delas, ou se nos colocamos como agentes de nossa própria felicidade e destino, buscando maior liberdade para selecionar quais paixões devem ser cultivadas e quais devem ser evitadas. Se isto faz sentido, ou se alguém realmente é capaz disso, não tenho certeza - mas creio que este processo de busca, por si só, já é fascinante demais para se deixar perder entre as curvas e obstáculos de nosso caminho.

No próximo post, volto a trazer para vocês uma história cheia de ação, violência, intrigas e sexo... ou não, talvez eu siga só remoendo minhas filosofias e análises para incomodar vocês, e conseguir talvez colocar em palavras um pouquinho mais de quem eu sou. Abraços a todos

"...Lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa"

Auto-análise, parte II - descrição do problema

"...Quem pensa por si mesmo é livre, e ser livre é coisa muito séria..."

Se há uma grande diferença semelhança entre o poeta e o cientista, é que ambos precisam expressar em palavras os seus sonhos, suas idéias, seu trabalho. A grande diferença, é que um bom texto científico (ao menos em teoria) deve ser claro, explicativo, sem deixar muita margem para diferentes interpretações do leitor. O poeta não tem esta restrição, alguns dos mais belos textos permitem que pessoas diferentes tenham interpretações diferentes das mesmas palavras. Este trecho acima, por exemplo, da música "l'Aventura" da Legião Urbana, continua assim

"...Não se pode fechar os olhos (1)
nem se pode olhar para trás (2)
sem se aprender alguma coisa para o futuro... (c)"

Notem que estes versos podem ser lidos (ao menos) de duas maneiras: considerando o último verso (c) como uma condição apenas para o verso (2), ou como condição de ambos (1) e (2). Ou seja, independentemente da interpretação, o autor diz que não se pode olhar para trás sem se aprender alguma coisa para o futuro. Porém, em uma interpretação se entende que não se pode fechar os olhos, nunca, e a outra diz que não é proibido fechar os olhos, desde que com isso se aprenda alguma coisa para o futuro.

Se eu não confundi ninguém, fica uma pergunta no ar: É possível se aprender alguma coisa para o futuro quando se está de olhos fechados??? E é este o primeiro ponto que eu quero chegar. Ao longo dos pouco mais de dezessete anos de minha vida, desenvolvi uma capacidade incrível de fechar os olhos para algumas coisas. Acho que, tudo começa por algo ainda mais instintivo, que é minha mania de ficar sempre remoendo as coisas que dão errado e me culpando por isso, e acumulando mais e mais coisas ao longo do tempo - para terem uma idéia, às vezes ainda me pego pensando naquela vez que eu chorei na sexta série por ter rodado em uma prova pela primeira vez na vida, e o que é pior, e por incrível que pareça, ainda me sinto meio mal com esta história.

Porém, além da capacidade de rememorar as coisas ruins, minha mente também é dotada de uma criatividade bem forte, sou capaz de criar cenários mentais que, ao menos para mim, são bem mais interessantes que a chamada 'vida real'. O resultado disso é que e cada vez que a culpa, o medo ou o arrependimento aparecem, eu consigo automaticamente me colocar num destes cenários de realidade alternativa, suficientes para que eu possa fechar os olhos para as coisas ao meu redor até o momento que a m... seja reamente iminente e inevitável - daí eu tenho que abrir os olhos e às tomar algumas decisões desesperadas para resolver as coisas. Então, adaptando a questão acima, deixo uma pergunta bem mais pessoal para mim: "Será que eu sou capaz de aprender (ou produzir) alguma coisa para o futuro, quando é tão natural para mim fechar os olhor para a realidade?"

Daí surge, para mim, uma ligação direta ao início do texto: "Ser livre é coisa muito séria". E muitas vezes, ser livre inclui a liberdade de fechar os olhos, o que no meu caso é ainda mais sério. Ainda mais nesta vida de estudante/pesquisador que eu escolhi, onde a flexibilidade de horários, de rotina de trabalho, e mesmo da minha vida pessoal, acabam gerando um grande conjunto de opções no qual eu tenho ampla liberdade para escolher. Vou dar um exemplo bem simplório: são 00:57 de uma quarta-feira, e eu tenho bastante coisa na pilha de coisas para fazer. Dentre as opções disponíveis, então, eu posso aproveitar que estou sem sono para desenvolver alguma coisa ou mesmo ler um dos artigos importantes nesta etapa do trabalho, ou então posso tentar dormir cedo para acordar mais cedo amanhã. E, é claro, ainda tenho a opção de ficar vadiando na internet, ou mesmo escrevendo no blog.

Tendo isso, dá para começar a juntar com o texto anterior. Na análise que eu havia feito, eu dizia que havia uma falta de harmonia entre razão e esta outra coisa que eu preferi designar como "paixão". Num nível global, longo prazo, tanto "razão" quanto "paixão" são as mesmas: meu grande plano, e grande sonho é terminar o doutorado no prazo. Porém, ciente disso, a razão me diz que tenho muito o que fazer, e que estou até mesmo atrasado. Por sua vez, a "paixão" faz com que eu me sinta culpado por não estar preenchendo as expectativas.

Daí vem a questão final do post de hoje. Várias evidências apontam que os instintos animais (valendo também para os humanos), ponderam de forma desproporcional os resultados a curto e a longo prazo, muitas vezes priorizando os ganhos a curto prazo mesmo quando a perda a longo prazo é evidente. Então, isto que eu chamo de "paixão" acaba tendo esta mesma característica. Encarar de frente a situação como um todo é sem dúvida a melhor opção a longo prazo. Porém, graças a minha natureza de me culpar demais, de remoer demais certas coisas, o ato de "fechar os olhos" acaba sendo uma opção mais cômoda, ou seja, uma recompensa maior no curto prazo. Com isto, esta liberdade de ação, que deveria ser benéfica, acaba me dando a opção de me enterrar cada vez mais nos meus erros - e o que é pior, erros repetidos, daqueles que eu não posso cometer, porque na prática isto significa olhar para trás sem aprender nada para o futuro!!!




Peço desculpas se o post demorou tanto... é meio complicado para mim assumir certas coisas que são fortemente pessoais, e que são tão intrínsecamente ligadas a quem eu sou. Então, mesmo que parte do texto já estivesse escrita há alguns meses, precisei de um dia de bom humor e certa paz interior para ir um pouco mais a fundo. E estas semanas de verão têm sido muito boas, com a viagem à Irlanda, companhias agradáveis para um mate, e um churrasquinho ocasional nos fins de semana de sol. No próximo post vou tentar ser menos chato, e espero apontar algumas soluções que eu consigo vislumbrar para o meu caminho, tentando fazer o link com o início do texto anterior.

Forte abraço a todos - especialmente à Paulinha, que não apareceu mais no MSN para eu poder me exibir que o show do U2 foi MARAVILHOSO!!!!!!!!!!!

Auto-análise, parte I

"...Continue pensando assim, você quer ser melhor para mim, e acaba melhor para o mundo..."

Racionalidade... quando escrevo algo na minha pesquisa, costumo definir este termo como "a capacidade de encontrar uma resposta logicamente correta". Geralmente uso este termo em contraponto com cognição, que defino como "capacidade de processamento de informações inerente ao ser humano" (Estas definições são adaptadas do clássico "Inteligência Artificial", de Stuart Russell and Peter Norvig).

Mas este contraponto, que talvez seja a maior inspiração do meu trabalho, também permeia diretamente minha vida pessoal. Não o mero contraponto das definições, mas exatamente esta barreira entre o que realmente é racionalidade, e aquilo que nós usamos para tomar decisões. Que me perdoe Lolô, com suas célebres definições de racionalidade masculina, mas ainda prefiro acreditar naquilo que dizia David Hume, filósofo britânico do século 18: "reason is and ought only to be the slave of the passions" (razão é, e somente deve ser, a escrava das paixões).

Eu poderia ficar escrevendo por horas sobre isso, mas meu foco é bem mais restrito. Só quero deixar claro meu ponto: não defendo o uso da a natureza humana (instintos, sentimentos, paixões, ou como preferirem chamar) como desculpa para a estupidez. Só acho que às vezes devemos deixar de se prender na nossa pseudo-razão humana, em certas denominações e conceitos pré-estabelecidos, e focar esta nossa capacidade de raciocínio na busca de uma maneira sensata de seguir nossas paixões.

Renato Russo disse em L'Age D'Or (álbum V da Legião Urbana) que "se a sorte foi um dia alheia a meu sustento, é que não houve harmonia entre ação e pensamento". E todo este meu papo de racionalidade é para falar sobre isso. Há algumas dezenas de horas atrás, me vi sentado na minha cama, com uma certa e conhecida dor no coração, e aquela pergunta na cabeça, mais repetida que figuinha da Arara Azul (vcs lembram do Ping Pong Pantanal???) "O que é que eu estou fazendo aqui???". E o motivo foi o de costume: trabalho atrasado, sensação de culpa e inferioridade por não estar preenchendo as expectativas profissionais, e a clássica solidão que a atmosfera londrina e as paredes do meu quarto parecem amplificar exponencialmente.

Mas, de novo, meu foco não é este... chega de lastimar... todos já estão alopéticos de saber quais são os problemas, prefiro focar nas soluções. E há muito tempo já deliberei racionalmente tudo o que eu preciso fazer, como eu devo agir e até mesmo planos A, B e C de cronogramas e deadlines para as coisas funcionarem. E daí??? Mesmo com os problemas conhecidos, e com as soluções apontadas, eu fiquei quase um ano sem escrever por aqui e ainda continuo reclamando das mesmas coisas!!! Por quê isso acontece???

Aí é que entra a falta de harmonia entre ação e pensamento - neste meu caso, meu pensamento está focado num caminho supostamente racional a seguir. Mas, voltando ao blábláblá inicial, esta razão deveria ser a escrava das minhas paixões, enquanto na realidade estes meus planos pseudo-racionais parecem ter sido alforriados há muito tempo...

Mas, como posso ter tal dilema, se eu sou um confesso apaixonado pelo meu trabalho? E, se várias vezes eu já declarei que a grande paixão da minha vida atual é voltar para a querência, por que eu não estou focado neste doutorado para acabar no prazo e ter currículo para ter mais possibilidade de escolher para onde eu vou?
E, principalmente, o que tudo isso tem a ver com a frase lá em cima? Algumas tentativas de responder a estas perguntas virão num post seguinte (em breve, podem confiar em mim :P ) , pois vcs já devem estar quase dormindo com este texto. Por enquanto, fiquem à vontade para dar seus pitacos - se estou abrindo minha vida na internet, não posso reclamar de ninguém que queira se meter a dar palpite :P

Grande abraço a todos!!!

Diário (mas não muito) de um experimento: Dias 2 a 5 - Sobre gente grande

Dentre o público leitor deste blog, aquele post em que eu falei que não tenho mais 17 anos causou uma certa polêmica (Por 'público do blog', entenda-se meia dúzia de pessoas, e por 'certa polêmica', entenda-se um ou outro comentário). Porém, mais um indício desta minha constatação pode ser detectado no que ocorreu nesta última semana. Para resumir a história, todas as madrugadas repetiram a primeira, onde o sono foi mais forte e não foi possível manter um nível considerável de produtividade (para não dizer que foram totalmente improdutivas). Porém, uma boa notícia é que as manhãs foram bem mais inspiradas, e não fossem os resultados negativos na minha pesquisa, eu teria colocado muita coisa atrasada em ordem.

Mas, desta percepção da primeira semana, me vem a mente o princípio de Occam. Basicamente, o tal do Willian of Ockham, um frade franciscano e filósofo aqui da Inglaterra, declarou certa feita que uma entidade (hipótese) não deve ser criada ou multiplicada sem necessidade, ou seja, de duas explicações para um determinado evento, deve-se dar prioridade àquela mais simples (baseada em menos hipóteses). O que quero dizer é que, se minhas manhãs são produtivas, por que não considerar a explicação mais simples (ao menos de acordo com o senso comum), de que eu devo dormir cedo e acordar cedo???

A resposta para isso é, também, bastante simples... Quem acompanhou o programa humorístico do Chico Anysio, no final dos anos 80 ou início dos 90, deve lembrar de um personagem chamado 'o Jovem', cujo mote era 'eu sou jovem, e jovem é outro papo'. Basicamente, o personagem era caracterizado por fazer tudo diferente dos padrões (o único exemplo que me lembro claramente é de tomar sopa de garfo - o que para mim é um padrão devido a falta de caldo nas sopas que faço). A minha idéia de ficar acordado na madrugada pode ser, de fato, visto como uma destas tentativas de fugir destes padrões de gente grande, talvez algo inconsciente, como uma tentativa de minh'alma para permanecer jovem.

Não que eu realmente precise disto - quando olho para os lados, e vejo este mundo que eu vivo, não me canso de notar que eu ainda compartilho aquela opinião do Pequeno Príncipe de Saint-Exupery: "Gente grande é bem estranha" (Les grandes personnes sont bien étranges) - diga-se de passagem, um livro que posso ler milhares de vezes, e sempre me sensibilizo quando leio.

Uma passagem do livro que acho fascinante, é aquela que diz que gente grande só consegue entender números. Se disseres para um adulto que tem uma casa bonita, bem ilumidada, com um jardim grande e flores na sacada, ele não tem nem idéia do que é esta casa. Mas, se disseres que a casa tem 10 de frente por 20 de fundo, e custou 50 mil, pode ter certeza que vão te dizer que foi ou não um bom negócio. Exageros à parte, acredito que ele tem grande razão.

Um exemplo parecido, eu encontrei ao passear com diferentes pessoas pela Europa. Para muitos dos meus amigos, fazer turismo é conhecer (e tirar fotos, é claro) Tour Eiffel, Big Ben e De Wallen. Mas, pude perceber que às vezes não conseguiam me entender, quando eu admirava um jardim com flores, uma construção diferente daquelas dos pontos turísticos, ou quando tentava explicar o quanto um lugar fora importante quando eu cheguei aqui.

Mas não critico eles... com certeza eles tem razão em querer 'conhecer e aproveitar ao máximo enquanto estão aqui'. E com certeza, também, os roteiros turísticos são maravilhosos, principalmente para nós que viemos do outro lado do oceano. Mas, intimamente, não consigo assimilar esta mania de 'gente grande', de querer contar, e guardar, e seguir roteiros e planos. Particularmente, ainda sou mais fã de sensações do que de rótulos - mas conto com todos vocês, meus amigos, pois sou um completo perdido para fazer turismo e seguir roteiros.

Mas, por fim, resta uma pergunta crucial: se, por motivos diversos, eu argumento que não tenho mais 17 anos - e por outro lado não consigo ser 'gente grande', que idade então eu tenho??? A resposta, felizmente, eu encontrei em duas lojas de brinquedos que eu visitei por aqui (claro, com a desculpa de procurar presente para o Bolívar e o Daniel). Dado o quanto eu fiquei bobo com as prateleiras de Lego, e os quebra-cabeças, e os carrinhos e robôs, e bolinhas de gude (sim, para meu deleite, elas ainda existem) e bolas de futebol, cheguei a conclusão que são meus pais quem tem razão: eu ainda sou é uma criança!!!

Abaixo, um videozinho de acordo com a temática do post: Balão Mágico para ilustrar as memórias mais longínquas da minha infância, com a música 'Lindo Balão Azul', que às vezes acho que tem a ver comigo, não sei se 'porque sou um cientista, o meu papo é futurista, é lunático' ou se porque 'tenho alma de artista, sou um gênio sonhador e romântico'. Forte abraço a todos.





Diário de um experimento: Dia 1 (meridianos e paralelos)

Bueno... não tenho muito a dizer sobre este primeiro dia... acordei por volta das 20h30, e fiquei fazendo uma ou outra tarefa doméstica, até começar a falar com o pai e a mãe pela internet. Uma das dificuldades nesta vida Londrina é a sincronização com o meridiano de Greenwich e seu horário, então as madrugadas insones também ajudam a manter a comunicação com o povo do meu fuso natural.

Porém, o experimento em seu primeiro dia não foi muito positivo. Acabei cedendo ao sono da madrugada (dormindo pouco mais de duas horas), e o período da madrugada não foi muito produtivo. Os resultados da manhã, também, não foram de todo bons - mas principalmente por causa da instabilidade dos sistemas dinâmicos com que trabalho (a desculpa para dizer os resultados de meus experimentos seguem, ao menos, difíceis de entender - e ainda mais de explicar). Ao menos a manhã serviu para reforçar minha idéia de que não devo sair pela manhã depois das 7:30, para não pegar a versão britânica do 'trem de lata de sardinha' - não como o trem do gurizinho da música 'trem de lata', mas como um bando de vagões com pessoas se apertando como sardinhas enlatadas.

Ao menos, tenho carregado comigo um sorriso nos lábios... Talvez a inversão da latitude, e os dias gris de London, tenham confundido um pouco meus instintos, pois com certo atraso parece que estou começando a sentir os efeitos da primavera, da beleza de uma ou outra flor encontrada no caminho. De qualquer forma, creio que não perdi minha estranha mania de sorrir a maior parte do tempo (mesmo que eu venha usando este blog para resmungar um pouco), até mesmo porque não acredito que tristeza, mal humor e cara feia são capazes de resolver qualquer coisa nesta vida...

Diário de um experimento - Prólogo

Interrompemos a programação normal deste blog (que consiste em ficar semanas sem postar nada) por um motivo de interesse científico: usarei o blog para relatar um experimento que irei conduzir nas próximas duas semanas. Desde meus bons tempos de graduação (talvez até um pouco antes), tenho a convicção de que o período de trabalho pela madrugada é mais produtivo. Durante o mestrado, consegui perceber também que as manhãs que seguem estas madrugadas de trabalho também costumam propiciar uma produtividade bem razoável.

Acho que já comentei com algumas pessoas que meu horário ideal para produzir bem seria dormir à tarde e trabalhar pela noite e pela manhã. Então, resolvi aproveitar estas últimas semanas antes do solstício de verão para avaliar esta hipótese. Meu experimento, então, consiste em manter um 'timetable' um pouco mais estrito durante as próximas duas semanas (mais especificamente até o sábado, 21 de junho), e avaliar se eu realmente consigo me adaptar ao horário e se realmente vai ocorrer um aumento no meu nível de produtividade (que anda muito baixo ultimamente).

A partir de hoje (terça-feira, 10) meus dias vão começar entre às 20h e 22h, horário que pretendo acordar. A partir de então, faço um café, organizo qualquer coisa que seja necessário em casa, e começo a trabalhar até a meia noite. Me mantenho trabalhando em casa até às 6 da manhã, quando paro para um banho e outra refeição e me desloco para o campus, onde fico trabalhando até o meio dia. Ao meio dia, volto para a casa, almoço e vou dormir. No fim de semana, deixarei meio liberado para algum outro programa, desde que isso afete este muito horário planejado de sono.

A idéia de usar o blog para descrever o que está acontecendo é, principalmente, para me sentir um pouco mais de obrigação de relatar este período - o fato de estar na internet implica que outras pessoas podem ler, e aumenta um pouquinho a responsabilidade de escrever (e do que escrever). Farei o possível para tornar a leitura de vocês mais agradável, porém não acredito que será algo muito interessante de ler. Ainda assim, para aqueles interessados, colocarei diariamente um post, mesmo que pequeno, dizendo o que está acontecendo realmente.

Para começar este relato, posso dizer que estou iniciando bem empolgado com a idéia. Passei um fim de semana bem divertido, na companhia da Helena - colega de graduação que veio passar uns dias em London. O fato de levar ela na estação no início desta manhã facilitou o processo de sincronização - fui ao campus cedo pela manhã e trabalhei (mesmo morrendo de sono) até o meio dia, para depois almoçar em casa e dormir. Como meu orientador não estará por aqui nestas semanas, não tenho a obrigação de ir à universidade à tarde, o que possibilita todo o processo.

Bueno, não tenho muito por escrever agora... se estão interessados em saber mais sobre esta minha idéia maluca - ou mesmo para ver quanto tempo eu agüento sem acabar dormindo por um dia inteiro - acompanhem por aqui os próximos episódios desta saga!!!

Forte abraço a todos

Spes X Lady I.

Certa vez, comentei com um amigo sobre os efeitos da solidão, sobre aquela sensação de insanidade que fica perene ao nosso redor... uma insanidade que às vezes parece se personificar, que bate à nossa porta a cada vez que a solidão começa a tomar conta... Como diria Oswaldo Montenegro, é aquela face da solidão "que a gente às vezes acha que é carga demais, que a gente jura por Deus que não merecia". Acho que, ainda nos tempos da solidão Porto-alegrense, cheguei a escrever um pouco sobre esta sensação de insanidade personificada, e ela inclusive chegou a inspirar outro grande amigo, o Ezequiel (forte abraço, irmão!), a criar um personagem de história em quadrinhos (se não me engano, chamada Lady I.).

Pois eu poderia passar linhas e mais linhas por aqui falando de saudade e solidão... falando da força de Lady I. ou mesmo do medo de que ela chegue e tome conta. Mas existe uma coisa muito importante sobre ela que todos precisam saber: ela se alimenta deste medo, deste desespero, desta nossa mania de ficar remoendo e remoendo o quão triste é a tristeza, ou o quão solitária é a solidão. Mas, como diria Vinícius de Moraes, "a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não".

Então, é desta esperança que eu vou escrever um pouquinho... é a ela que eu costumo me apegar para enfrentar a poderosa Lady I, com suas causas e seus efeitos. A palavra 'Esperança' vem do latim 'spes', que também era o nome de um espírito na mitologia romana, equivalente a Elpis, na mitologia grega. Dizem que certa feita, depois que o tal de 'Prometheus' criou a humanidade, ele roubou o fogo dos céus, provavelmente para assar aquele costelão doze horas com os xirus que acabaram de chegar no mundo. Só que Zeus, que era um índio meio maula, se revoltou com esta história, e mandou uma china lindaça, uma tal de Pandora, para causar o entreveiro na humanidade. Esta china casou com o irmão do tal do 'Prometheus', e Zeus mandou como presente uma caixa cheia de demônios e espíritos maus. Quando a Pandora (não sei se por inocente ou se por maleva) abriu a caixa, os demonios escaparam pelo mundo, e começou toda a bagunça que a gente vê mundo afora. O único espírito que ficou na caixa, para dar conforto e apoio a humanidade, foi exatamente Elpis (Spes).

Acontece que, hoje em dia, muita gente ainda segue se apegando a 'Spes' de uma maneira comodista, achando que 'esperança' consiste meramente em esperar que as coisas melhorem por si só (ou por alguma intervenção divina). Com isto, seguem sentados, esperando, e como as coisas (geralmente) não vão para a frente sem um empurrãozinho da nossa parte, a esperança dá lugar a frustração, à reclamação e, novamente, começa a alimentar aquela indesejada companheira da qual eu vinha falando.

Desta maneira que eu coloquei, dependendo da ótica de quem lê, parece que está tudo perdido... se a gente deixa 'Spes' de lado, a gente cai nas garras dos demônios, se a gente se apega a ela, a gente deixa a guarda aberta para os demônios atacarem. Mas minha linha de argumentação é um sutilmente diferente... O que eu quero dizer é que para encarar os demônios, para não deixar a Insanidade tomar conta, a gente precisa de um apoio, de um suporte, de uma 'Spes' de alguma forma... de algo que nos dê a força necessária para seguir em frente, sem o conforto exagerado a ponto de nos deixar sentados esperando por algo que nem sabemos o que é (nem tampouco se vai acontecer).

Pois é... como muitos devem ter percebido, todo este meu 'blá blá blá' é apenas para introduzir o que eu realmente quero dizer. Como eu costumo brincar com algumas amigas (especialmente a Lu Feijó, que tem sido fantástica aturando um bêbado ligando para ela nas madrugadas :P), parece que nós, homens, crescemos sempre com uma barreira ao redor dos nossos sentimentos, tal que a gente tem menos medo de encarar exércitos do que dde dizer 'Eu te amo' para alguém. Então, toda esta enrolação é só para tornar mais fácil a tarefa de agradecer a minha 'Spes' - a fonte de toda a força que ainda tenho nestes momentos difíceis - que são a família e os amigos que realmente amo muito.

Recebi, nos últimos dias, dois presentes maravilhosos que me sensibilizaram muito. Um deles foi o convite para ser padrinho do Daniel, filho da Fátima que nasceu nos últimos dias - não sei o que passa na cabeça desta maluca de convidar um ser ainda mais maluco para padrinho de uma criança tão fofa, mas sei que sou imensamente grato, não só pelo convite, mas por esta nossa amizade de tanto tempo (obrigado também ao Mono, parabéns pelo filhote lindo, que espero que seja gremista como o pai!!!). O outro presente, (daqui a uns dias boto uma foto para vcs verem), é o Pavilhão Tricolor, a bandeira da minha querência amada, com a assinatura de muitas pessoas que amo (e que sinto muita saudade): Obrigado Pai e Mãe, não só por ter idealizado tudo, mas por tudo o que vocês foram e são na minha vida... obrigado Quell e Bolívar, vcs sabem que são a razão mais forte desta minha vontade de vencer e voltar! Obrigado a tia Maristela e ao Lucas, que tantas vezes me trataram como um filho e irmão (e podem ter certeza que este sentimento é recíproco). Obrigado à 'Dinda Beca', que mesmo que a gente não tenha tanto contato, sempre carrego comigo como um exemplo de força e de superação. Obrigado a todos os outros familiares, cada um de vocês é especial para mim, e a saudade e a vontade de estar perto de todos é sempre muito forte. E obviamente, obrigado àquele povo daquela da Vila Farroupilha (ou melhor, Rua Jornalista Salvador Hitta Porres, pois a vila era mais embaixo um pouquinho :P)... a esta gente maravilhosa que cresceu comigo, naquele cantinho de mundo que ainda carrego nas lembranças e nos sonhos de minhas noites inquietas - podem ter certeza que, se hoje dou tanto valor a idéia de amizade, é por que desde a infância tive amigos maravilhosos como vocês!!!

Para finalizar, tenho estado com um trecho de uma música da Legião na cabeça ultimamente, que diz "Já não sei o que aconteceu, se tudo o que sonhei foi mesmo um sonho meu, se meu desejo então já se realizou, o que fazer depois??? para onde é que eu vou???" - Mesmo que os ventos do destino possam vir a mudar meus rumos nos tempos vindouros, acho que o parágrafo acima (juntamente com tantas outras outras pessoas também intensamente especiais na minha vida) respondem a esta pergunta. E se a tristeza tem a esperança de um dia não ser triste, a minha solidão tem hoje a esperança de estar com vocês em breve, de viver e construir o que for preciso por estas bandas de cá, de fazer valer a pena este sonho europeu, para que ele não seja só a tristeza da distância, mas também a felicidade de desbravar novos pagos, conhecer novas culturas, viver intensamente um pouco mais o que esta oportunidade me proporcionou.

Ah... como um 'Post Scriptum', não pensem que a vida por aqui é só solidão não. Se vocês entrarem em picasaweb.google.com/passarel vão ver algumas das coisas que ando aprontando com os grandes amigos que estão por aqui. Só achei desnecessário contar as histórias das viagens no blog, pois dizem que uma imagem vale por mil palavras - e como são muitas fotos, talvez para explicar todas seria necessária uma quantidade de palavras que deixaria a leitura do blog ainda mais enfadonha. E, se nada der errado, em agosto cruzarei o Atlântico para passar umas semanas com o povo por aí (em breve mais detalhes).