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A grande jornada!!!



E aí, pessoal!!!

Há tempos venho prometendo escrever um pouco sobre as coisas que acontecem comigo nesta trajetória em Londres. Então, este primeiro ``post'' vai ser sobre a viagem, e alguns eventos relacionados. Na verdade, várias coisas que aconteceram antes do dia do embarque seriam realmente importantes para explicar melhor o que é q eu tô fazendo por aqui, mas se eu começar a escrever tudo que me aconteceu, vai acabar surgindo um livro (ou, ao menos, um blog muito mais chato do que este já é).

Por isso, vou cortar o passado por enquanto e começar com o momento que eu cheguei no Salgado Filho. Foi maravilhoso ter tantos amigos lá para a despedida (teve até foto, como a daí de cima: Valeu Carlinha, Carol, Lolô, Mário, Lu e Dodonho, pela ordem na foto). Acho q devo confessar que quase chorei quando entrei na área de embarque e olhei para aqueles que eu estavam ficando para trás. Porém, a ansiedade (e por que nao dizer medo) foram mais fortes que a tristeza da despedida, então eu consegui sentir em frente sem que as lágrimas começassem a atrapalhar minha visão.

O primeiro aviao (um Boeing 737 para Buenos Aires com escala em Montevideo) tava um pouco desconfortável, mas como eu tava "perdendo a virgindade" em aviões, nao me importei muito. Na verdade, eu parecia um piá sempre olhando pela janela, maravilhado com toda cidade ou nivem diferente que aparecia quando olhava para baixo. Este encantamento todo só não durou toda a viagem por causa do sono (já que eu não tinha dormido direito na noite anterior, provavelmente por causa do nervosismo e das coisas arrumadas na última hora), e também por causa do tradicional senso de humor (q nunca me abandona), e a curiosidade mórbida de saber qual seria a reação do pessoal na minha volta se eu olhasse com cara de susto para a janela e gritasse "AVIÃO!!!!!!!". Na verdade, pude ter uma noção do que seria esta reação quando o avião freou meio bruscamente quando aterrisou em Buenos Aires (sou capaz de dizer que naqueles 5 segundos teve uns 2 ou 3 ateus que se converteram :P).

No aeroporto de Buenos Aires, as coisas foram meio cansativas no início, até eu conhecer mais uns gaúchos que estavam indo estudar na Espanha, incluindo uma menina pelotense, formada em Geografia na UFPel, que estava acompanhada da mãe, que é professora de Espanhol também na UFPel. Como eu costumo dizer, este povinho pelotense tende a se encontrar não importa onde esteja. Logo depois, o Boeing 747 para Madrid foi BEM mais confortável que o anterior e, apesar de dois "pequeños niños" gritando ou chorando, acabei dormindo quase toda a viagem. E, de quebra, consegui praticar um pouco meu "portuñol" com uma menina argentina (da "Tierra del Fuego") que trabalha em Madrid. Claro, que meu portuñol não foi suficiente para evitar problemas de linguagem com as aeromoças (levei um baita tempo para entender quando elas perguntaram "pasta o pollo?", até mesmo pq com a fome que eu tava, não ficaria bravo em comer a massa e o frango juntos :P).

A chegada na Europa foi super corrida, o tempo foi curto para chegar em Madrid e embarcar para Londres. Ainda assim, este tempo foi suficiente para ir ao banheiro, esquecer o chapéu, ir para a fila de embarque, sair correndo desesperado pelo aeroporto quando lembrei do chapéu (mas consequi pegá-lo de volta), e na hora de embarcar me perder no español de novo e esperar um baita tempo para entender que eu precisava mostrar a passagem de novo, além do cartão de embarque. Por causa desta confusão, fui um dos últimos a entrar naquele Airbus, e já não havia mais espaço para colocar a bagagem de mão, e a mochila teve que ir no meu colo. Naquele momento, confesso que me senti num Bosembecker para o Bachini, com a vantagem de ganhar um pacotinho de amendoim, é claro.

Para não dizerem que eu não conto quando choro (pois mesmo depois de dois anos e meio morando na embaixada piratinense em Porto Alegre eu ainda tenho um lado de pelotense chorão), minha única lágrima no caminho foi quando o avião estava se aproximando do aeroporto de Gatwick. Aquela mistura de medo, responsabilidade e realização de um sonho tão grande acabou apertando o coração por alguns segundos. Mas meu pragmatismo nestes momentos acaba sendo mais forte, e logo eu tive que manter a "racionalidade" e focar no que eu tinha que fazer para não fazer merda e me perder agora que eu tava chegando no destino.

Sei que pode parecer um pouco "politicamente incorreto" mas, às vezes, ver alguém em situação mais complicada que a nossa nos dá mais força para encarar as dificuldades, sem ficar se escondendo atrás de desculpas, talvez até porque ficamos com vergonha de ficar reclamando da situação quando vemos que as coisas poderiam ser ainda piores. No mesmo vôo que eu, havia um outro brasileiro que chegou em Londres sem falar nenhuma palavra em inglês, e aquilo fez eu me sentir um covarde por estar preocupado com meu inglês. Então, dada esta injeção de "vergonha na cara", a chegada em Londres foi bem tranqüila (tirando meu chapéu que tentou ficar pelo balcão onde eu tinha preenchido um formulário e me fez ter que voltar depois de passar pela fiscal). Eu até levei algum tempo até achar o transporte até Camden, mas pegar o trem e depois o metrô não foi muito problemático, mesmo carregando duas mochilas (sendo que a menor estava com a alça rebentada).

Bueno... para terminar esta narrativa longa e chata, vou repetir algo que eu costumo dizer (talvez digo muito para mim mesmo e não externo para as pessoas importantes na minha vida). Não importa qual seja a força suprema deste Universo (se é que ela realmente existe, como eu geralmente acredito). Não faz a mínima diferença se vocês preferem chamar de Deus, "Patrão Velho", Karma, entropia ou o que quer que seja. Tudo que eu sei é que Ela coloca coisas e principalmente pessoas realmente especiais no meu caminho. Pessoas que me ajudam, que fazem as coisas sempre ficarem mais fáceis e mais gostosas de viver. E nesta jornada, as coisas não foram diferentes: Desde os GRANDES amigos no Salgado Filho até cada pessoa que eu conheci no caminho, todos foram realmente especiais, e não sei o que seria de mim se não fossem vocês!!!

Realmente,muito obrigado a todos (mesmo aqueles que não forem ler isso)
Rafael V. Borges