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Fotografias em primeira pessoa - um post de Natal

Aqueles que me conhecem, sabem que geralmente não sou muito adepto a fotografias (alguns dizem que isso é desculpa de feio que não quer aparecer nas fotos para os outros ficarem rindo depois). A grande vantagem de fotos é a possibilidade de guardar um 'snapshot' de um momento, de um acontecimento... mas a maioria das pessoas tenta, em vez disso, 'maquiar' o momento fazendo poses e sorrisos falsos. O advento da câmera digital, tornou isso ainda pior, porque algumas pessoas insistem em repetir o processo de tirar a foto até sairem bonitas (o que, em alguns casos, é conhecido na computação como loop infinito).

De qualquer maneira, prometi para muitas pessoas que, assim que eu comprasse minha câmera, passaria a postar mais frequentemente, por que ao menos teria mais imagens para colocar... Mais uma vez, bullshit, pois já tenho a câmera há mais de uma semana e não postei nada desde então. Acontece que, ontem, 23 de dezembro, resolvi dar mais um daqueles passeios inspiradores pela cidade. Já dizia o César Oliveira que saudade é pior que prego na bota, e sei bem o que é isso, pois passei 2 semanas mancando por Londres até me dar de conta que minha bota estava com um dos pregos do solado machucando o calcanhar. Mas, nesta época de cidade enfeitada e propagandas na televisão falando do tal 'Espírito natalino', é inevitável que a saudade espete de forma um pouquinho mais dolorosa do que de praxe... Mas, como já havia dito antes, nada como um passeio por Londres para renovar o bom humor.

Decidi, então, por em prática uma das minhas idéias. Quando me mudei para Wood Green, fiquei fascinado pelas construções e paisagens que eu cruzava pelo caminho, quando pegava o ônibus 243 até o campus. Desde então, tive vontade de fazer o mesmo trajeto com uma câmera na mão, tentando tirar algumas fotos para poder mostrar um pouco do que eu vejo de Londres na rotina do dia a dia. Além disso, todos consideram um 'ponto turístico' os ônibus de 2 andares, mas sempre tiram foto de fora para dentro... preferi ser diferente dos outros. Como pego o ônibus no início da linha, consegui sentar bem na frente do lado esquerdo, no 'andar de cima', e fiz toda a linha do ônibus até Waterloo, tirando algumas fotos.

Depois de apagar as piores, e as que ficaram meio parecidas com outras, escolhi 18 e complementei com mais duas para botar meu primeiro álbum com fotos de Londres na internet. Vale lembrar que, além do 'lousy' fotógrafo e da câmera de preço acessível, eu estava tirando fotos de dentro de um ônibus em um dia com bastante neblina, então as fotos não primam pela qualidade. As outras duas que coloquei é uma foto do estádio do Arsenal, tirada de dentro do trem (perto da estação de Drayton Park) e uma foto tirada da janela do meu quarto, as duas primeiras do álbum.

Depois de descer em Waterloo, continuei meu passeio, já com o humor bem melhorado graças ao tempo frio e úmido (100% de umidade relativa, tô me sentindo em casa nesta Pelotas criada a Toddy!!!!). A partir dali, caminhei pela margem do Thames até Vauxhall Cross, na sede do MI6 - o serviço (não tão) secreto britânico. Acontece q esta semana vi aquele filme 'Die Another Day' do 007, e a sensação de ver num filme alguns lugares que já andei foi bastante interessante. Como Marília já disse, caminhar em Londres dá a sensação de estar vivendo em um filme (Mari, por falar em vc, amei a foto do Guaíba). Depois, atravessei a ponte e dei um passeio ainda na margem do rio, até chegar no Big Ben, tirando fotos até acabar a bateria da câmera (claro que o Rafael saiu só com um set de pilhas, e não conseguiu tirar fotos de tudo o que queria). Estas outras fotos estão disponíveis num outro album. Para concluir o passeio, ainda dei uma caminhada pelo 'Green Park', olhando os patinhos e pelicanos, e peguei o Crazy Train (linha 29 do ônibus) para voltar para casa. Acho que em breve vou escrever um post sobre o Crazy Train, pois já tenho umas 3 ou 4 histórias para contar...

Bem, povo... Este foi meu passeio para tirar fotos de Londres e melhorar o humor para o natal. Realmente, valeu a pena, apesar de não ter começado a trabalhar depois de chegar em casa, como eu tinha pensado :P. O outro motivo pelo qual sou avesso a fotografias, especialmente na 'era (câmera) digital', é aquela mania de colecionador - aquela mania chata de tentar juntar tudo que pode um dia ter algum valor (no caso, de tirar foto de tudo que de alguma maneira chama a atenção), e daí acabar incomodando todos querendo mostrar o quão interessante é a o detalhe da ponta do dedão do pé daquela estátua. Só que a beleza do momento está muito nos olhos do observador, e no contexto que está sendo vivido. Então, em vez de paisagens e poses clássicas, tentei captar ao máximo aquilo que me marca quando caminho por esta cidade (como por exemplo o contraste da neblina nas obras maravilhosas da arquitetura).... espero que, de alguma maneira, gostem das fotos, nem que seja pelo simples prazer de rir da minha falta de talento com alguns dispositivos.

Com relação ao Natal, queria muito ter mandado uma mensagem pessoal para cada pessoa que cruza minhas lembranças pelas ruas que passo no meu 'gauderiar andejo', ou pelas ilusões oníricas que permeiam minhas noites de sono inquieto. Mas, vcs sabem que eu sou péssimo com rituais, então vou deixar um feliz natal por aqui mesmo, e não se preocupem que 'ano que vem vai ser diferente' (aqueles que não tiveram aula com o professor em questão talvez acreditem nisso). Milhões de abraços!!!!!!!

Tratamento de choque de luxo for free (ou desculpa fajuta para um passeio)

Hoje foi um dia difícil... não sei exatamente por quê... talvez por estar repetindo minha rotina de improdutividade e não conseguir enxergar algum progresso no meu trabalho nos últimos meses, ou mesmo por passar a noite numa confusão onírica de pessoas, lugares e idéias vindas de cidades diferentes. Mas, nem sempre é possível acordar de bem com a vida, ou disposto a sair de baixo das cobertas...

O transporte público hj também não ajudou. Tenho pego um 'tube' e um trem para ir ao campus, e descido em uma parada um pouco mais afastada da Universidade para não entrar na 'zona 1' e pagar menos, e ainda assim economizar um bom tempo com relação ao ônibus. Porém, hoje, algum problema na estação de Highbury & Islington me causou um atraso imprevisto (além de eu ter q entrar na zona 1 e pagar mais). É incrível como uma bobagem destas afeta o nosso humor em um dia que a gente 'dorme com os pés destapados'.

Mas, o meu objetivo aqui não é somente desabafar no teclado para incomodar aos poucos que podem vir a ler depois. Continuando a história, depois das 16h, quando eu já tinha esgotado minha pouca produtividade do dia, e até dor de cabeça estava aparecendo, resolvi sair do campus e não vir para a casa... Em vez disso, saí para caminhar na direção do 'Thames', talvez pegar um pouco do vento na beira do rio para ver se o humor melhorava.

Meu trajeto foi simples, caminhei até a 'St. Paul's Cathedral', depois andei até o rio e caminhei pela margem norte até a primeira ponte que eu achei. Como está na minha natureza cruzar pontes, dei uma passada para o outro lado, e caminhei de volta até a ponte para pedestres que tem uma vista maravilhosa da catedral. Dentre as muitas opções nesta cidade, uma coisa muito legal é a chance de passeios como este.... em uns dois ou três quilômetros de caminhada a gente consegue ver coisas maravilhosas.

Embora pareça apenas uma história de um turista saindo mais cedo do trabalho para passear, este passeio teve uma importância 'terapêutica', principalmente graças às coisas que eu aprendi com as grandes amizades que consolidei em Porto Alegre. Caminhar na beira do rio me lembrou imediatamente das caminhadas na beira do Guaíba com a Lu, e de tudo que aprendi com nossa amizade, com as histórias que faziam passar do riso ao choro (e vice versa, principalmente) em poucos segundos. E tanto suas palavras, quanto o exemplo de força, a capacidade de reação, são ótimas companhias quando preciso respirar fundo e lembrar de seguir em frente.

Mas, principalmente, este passeio foi uma forma de implementar a filosofia Piratinense que aprendi com minha 'família' em Porto Alegre. Não há nada melhor para melhorar o humor do que um tratamento sutil e delicado do problema. Então, ao chegar em qualquer um dos pontos mais bonitos do trajeto, eu parava para olhar tudo o que havia a minha volta, e falar comigo mesmo: 'Por... Tu tá em Londres, car..., pára de frescura e faz alguma coisa que preste!!!' (talvez lembre um pouco o Analista de Bagé, mas a Escola de Psicologia de Piratini é um pouquinho mais ortodoxa).

De qualquer maneira, este é um post meio desencontrado, só para dizer para o Lolô, o Dodonho e a Lu, bem como para a família e os amigos que ficaram nas bandas ocidentais do Atlântico que vocês são, ao mesmo tempo, responsáveis por esta saudade forte de todas as coisas maravilhosas que ficaram, mas também são a essência de toda a força que eu tenho para enfrentar o mau tempo que a saudade traz...

Para não dizer que eu só botei texto 'mela-cueca' hoje, segue abaixo uma fotinho do meu primeiro trago por Londres, ainda no hostel de Camden. Na foto, três australianos (Rose, que está morando em Brighton e o casal que acho que estava fazendo só turismo), além é claro de mim, com a pilcha de ir para o Monumental, e todos com uma carinha de quem já havia tomado mais que um copo.



Um grande abraço para todos